Recado das urnas: queremos mais do mesmo!


Quando os brasileiros foram às ruas em julho do ano passado, analistas políticos e gente que pensa se apressaram em fazer a previsão: as eleições 2014 seriam da mudança. O brasileiro teria, finalmente, acordado para a importância do voto. Ledo engano.

PT e PSDB disputam segundo turno para a presidência desde a redemocratização do País, em 1989. Mesmo com o fenômeno Marina, que despertou com a partida de Eduardo Campos, o eleitor se manteve firme no propósito de ver as duas siglas no segundo turno. Independente das trapalhadas de Marina, o eleitor ignorou outros quatro candidatos. Embora altamente questionável a qualidade dos demais concorrentes, não dá pra afirmar que Dilma e Aécio representam algo melhor.

Mais da metade dos candidatos a reeleição pela Câmara dos Deputados foi reeleita. Pior, gente que representa o mais alto retrocesso como Jair Bolssonaro e Marcos Feliciano foram os mais votados. Tiririca também está entre os recordistas. Se houve algum recado das urnas com eco nos protestos de julho foi esse: reeleger Tiririca, que dispensa comentários. No caso dos outros dois, o recado é: queremos políticas que recriminem minorias, que façam a mulher voltar para a cozinha e que restaure a ditadura militar no Brasil. Radical? Pesquisa a ideologia dos nobres deputados mais votados do Brasil e você verá coisa pior.

Em Santa Catarina, mais da metade dos candidatos a deputado estadual se reelegeu. Mais um sinal de mais do mesmo. Com estruturas muito bem montadas e com ajuda de empresas, os veteranos tornam injusta a disputa com candidatos novatos.Quem financia campanhas investe no conhecido, garantia de que terá os benefícios que sempre teve. Quem consegue financiamento com empresas se entrega a um jogo nem sempre limpo. Aquele seu amigo legal, bem articulado, cheio de ideias para melhorar o país e, sobretudo, honesto, morreria na praia. “A política é a arte de engolir sapos”, diz o senador Luiz Henrique da Silveira, que conhece muito bem o meio no qual está há décadas.

Para se ter uma ideia do quanto o brasileiro não quer mudança, veja o exemplo do deputado federal mineiro Bonifácio Andrada. Seu tio trisavô, José Bonifácio de Andrada e Silva, é quem convenceu o então príncipe regente Pedro a dizer ao povo que ficaria. Desde então a família Andrada contou com 15 deputados e senadores, oito ministros de Estado e dois do Supremo, além de governadores, prefeitos e vereadores.

Neste ano, ao menos tivemos uma surpresa regional. Beto Passos (PT) alcançou 17 mil votos e sai dessa eleição fortalecido para a disputa pela prefeitura de Canoinhas em 2016.

Outra surpresa regional foi Alexey Sachweh na disputa pela Câmara Federal. E só.

 





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